16.1.09

Um exemplo e um incentivo!

Gostaria de, neste espaço, deixar o testemunho do que foi o meu processo RVCC Secundário, que terminei em 12.11.2008, querendo desta forma incentivar os adultos a apostarem na sua formação. Quero também deixar uma mensagem para os adultos que frequentam os Centros de Novas Oportunidades, nos diferentes processos.

Iniciei o processo RVCC em 13.12.2007 com alguma expectativa, defendendo que deveria ser um processo exigente, para ter credibilidade. Vi no processo uma forma de comprovar as competências que adquiri ao longo da vida.

"Experiência não é o que aconteceu contigo; mas o que fazes com o que te aconteceu."
(Aldous Huxley)


Tentei transpor para os temas de que falei a minha opinião pessoal e a minha forma de estar na vida.

"Põe quanto tu és no mínimo que fazes."
(Fernando Pessoa)


As dificuldades sentidas ao longo do processo foram algumas, desde falta de tempo, às dificuldades iniciais em compreender o que nos era exactamente pedido, o facto de recordar situações e momentos no percurso de vida de forma a enquadrá-los no referencial. Pode mesmo chamar-se um processo reflexivo, porque o é, há uma enorme reflexão sobre as experiências e aprendizagens ao longo da vida, o que nem sempre é fácil.
Levei o processo RVCC muito a sério e empenhei-me bastante, participei sempre nas sessões e procurei corresponder às exigências que me eram colocadas para desenvolver os temas que me propus trabalhar. Achei a reflexão sobre as experiências da vida bastante positiva, despertou em mim a vontade de ir acrescentando a minha autobiografia, para deixar aos meus filhos e netos um testemunho da minha vida e, quem sabe, até escrever um livro. Concluí que ao longo da minha vida tenho estado num constante estado de aprendizagem, mas que ainda não é o suficiente. Nunca sabemos o suficiente, há sempre mais que é necessário saber.

“O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano.”
(Isaac Newton)


Tive alguns momentos em que me senti desmotivada, outros frustrada, porque entregava os trabalhos e havia sempre mais alguma coisa que as formadoras me pediam para definir ou desenvolver mais, mas foi graças à exigência das formadoras que concluí o meu processo com sucesso e do qual me orgulho bastante.
Por isso, quero dizer aos adultos que andam no processo e que sentem o mesmo, não desistam, sejam vocês mesmos e demonstrem que com a experiência de vida ganharam muitas competências (convido a visitarem o bog do Dr. João Lima). "...Para ser competentes, precisamos dominar conhecimentos. Em resumo: a competência só pode ser constituída na prática. Não é só o saber, mas o saber fazer. Aprende-se fazendo, numa situação que requeira esse fazer determinado. (...) Isso é competência."

"Se não podes ser o que és, sê com sinceridade o que podes."
(Ibsen)


Tenham sempre presente que, quanto maiores forem as dificuldades a vencer, maior é a satisfação. Ver as nossas competências validadas faz-nos sentir melhor connosco.
Quero aproveitar para deixar uma palavra de reconhecimento às técnicas do Centro de Novas Oportunidades de Ansião, e em especial à Dra. Mafalda, que mais de perto me acompanhou, pelo profissionalismo e pela forma como conduzem os processos, que muito contribui para dignificar os Centros Novas Oportunidades e dessa forma os adultos que a eles recorrem.

A iniciativa do Governo em criar os Centros Novas Oportunidades e os processos de RVCC foi muito positiva, não só para alterar as estatísticas sobre os níveis de ensino no nosso país, mas porque veio dar a possibilidade às pessoas, que por circunstâncias da vida não concluíram os estudos formais, mas que se preocuparam em aprender, de verem as suas competências reconhecidas, e porque efectivamente veio despertar numa grande parte da nossa população o gosto pela formação e a importância que esta tem para o desenvolvimento de Portugal, e ainda porque veio aumentar a auto-estima em muita gente. Penso que as metas só serão alcançadas se houver rigor e os processos forem exigentes e não houver facilitismos.

Aconselho todos os adultos a aproveitarem a oportunidade que a Iniciativa Novas Oportunidades lhes dá, a apostarem na sua formação, pois já não existem empregos para toda a vida, cada vez é mais importante estar preparados para encarar novos desafios.

16.01.2009
Filomena Dias

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