Quadro de Malangatana, pintor moçambicano (1936-2011)
Porque anoitecem as vozes?
Porque se escondem sob o pesado negrume do tempo, da dor, da censura?
Porque, veladas, sussurram nos ouvidos dos amantes, beijados por salpicos de luar?
Porque descansam de um madrugar gritado em prol da paz, do amor, da liberdade, do pão que as mãos há muito não levam à boca?
Porque a perda carregada no peito eclipsou a esperança, roubou aos olhos o vislumbrar da luz e à voz o dom de amanhecer?
Ou tão somente porque o Sol se desencontrou da Terra, e o cansaço ensombrou o ser, e os olhos descem rendidos à condição dos homens de passarem adormecidos, dormentes, anoitecidos, cuido que, tempo demais?
Mia Couto, conceituado escritor Moçambicano de ascendência portuguesa, escreveu "Vozes Anoitecidas", um livro de contos que presenteia o leitor com a sua forma única e cativante de comunicar, moldando a língua portuguesa ao sabor da sua transbordante paixão pela escrita e pela reinvenção da palavra, ao sabor do seu sentir, numa recusa em agrilhoar vivências aos limites que a palavra impõe, porque sentir é simplesmente tão maior.
O escritor dedica este livro, que descreve como “desejo de contar e inventar”, às vozes que lhe inspiraram a escrita.
Nós dedicamos-lhe a si a nossa próxima tertúlia cujo tema é Literatura Africana de Expressão Portuguesa e que terá lugar no dia 4 de Março, pelas 20h30, na Biblioteca Escolar.
Deixamos-lhe aqui o convite: venha connosco anoitecer a voz.
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