Durante os meses de Junho e Julho foram certificados 33 adultos para o nível básico. Os adultos certificados fizeram parte de quatro grupos distintos, decorrendo três dos mesmos em Ansião e um em itinerância no lugar de Pombalinho, itinerância essa que só foi possível graças à colaboração do Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Pombalinho, Dr. Carlos Pimenta, que para além de ceder as instalações da Junta de Freguesia incentivou a população daquela localidade a investir na sua qualificação.
Ao longo destes meses de trabalho tivemos a oportunidade de conhecer pessoas muito interessantes e com histórias de vida verdadeiramente fascinantes.
Recordo que no início do processo era grande a expectativa e o desejo de obterem uma qualificação superior à que possuíam. Ao longo das sessões de reconhecimento de competências, a partilha de dúvidas e a inter-ajuda foram um factor constante e de extrema importância para superar os momentos de desânimo provocados pelo cansaço do dia-a-dia e pela exigência do processo. No entanto, a vontade e a oportunidade de verem reconhecidas as suas competências fez com que estes adultos continuassem a investir no mesmo.
Finalmente chegou o dia da certificação, ver a felicidade provocada por este momento no rosto dos adultos é algo de raro valor.
Durante as sessões de júri foi possível verificar que com a certificação adquirida se traçam novos projectos e se definem novos caminhos, pois os adultos percebem que levam mais do que um certificado, levam a oportunidade de reabrir portas fechadas no passado ou descobrir outras que ainda se encontram por abrir.
Para a equipa que acompanhou estes adultos é deveras gratificante saber que estas pessoas passaram a acreditar em si, no seu potencial e têm a clara noção de que se se predispuserem a avançar podem ir sempre mais além.
Resta-nos ainda agradecer à Directora Técnica da Fundação Dona Fernanda Marques, Dr.ª Catarina, pelo apoio e colaboração que nos prestou ao longo de todo o Processo de RVCC e felicitá-la por investir cada vez mais na qualificação dos seus trabalhadores.
Susana Silva, Profissional RVCC
1 comentário:
Embora já tenha deixado este comentário no fórum do Dr. João Lima, vou também deixá-lo aqui. Penso que poderá ser útil:
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Olá Bom-dia a todos!
Ontem dia 31/7/2008, quase trinta anos depois de ter deixado os bancos da escola, conclui o 12º ano. Ontem foi a minha sessão de júri. Eu e mais dois colegas, que não conhecia ainda, fomos apresentar o nosso PRA. Nada nos tinha sido imposto ou orientado na forma como o mesmo deveria ser apresentado, tendo-nos somente sido referido os aspectos que deveríamos focar mais ou menos resumidamente.
Os meus dois colegas fizeram uma apresentação oral do seu percurso de vida, privado e profissional, de todo o seu processo de RVCC de todas as dificuldades sentidas, dos seus projectos etc., etc. Dois bons oradores, com uma história de vida muito vasta, muito cultos e muito à vontade perante o público presente, perante os formadores e a avaliadora externa. Pessoalmente gostei da apresentação feita pelos meus colegas apesar de achar que se torna um pouco maçudo e difícil por vezes de seguir esta apresentação somente oral.
Quanto a mim optei por fazer a apresentação em PowerPoint. Recomendo a todos que estão neste processo que quando chegar a sua vez de estarem perante o júri que optem por esta forma, isto caso o vosso centro o ache conveniente. Mesmo que sejam muito bons oradores, que tenham muito à vontade perante uma plateia de ouvintes, esta forma dá muito mais visibilidade e impacto ao que se pretende transmitir.
Comecei por falar um pouco de mim. Quem sou, o que faço, os meus hobbies, as minhas músicas preferidas, os meus filmes, os meus livros, os meus autores, os meu percurso escolar e familiar, as motivações para estar no RVCC. Falei muito de livros da minha paixão pela escrita, da manutenção de vários blogs, da recente publicação do meu livro… Seguidamente abordei o início do processo RVCC. A primeira entrevista e o pedido para elaborar a minha história de vida. Gastei muitos slides nesta fase. Coloquei fotografias dos meus trisavôs, dos meus bisavôs, a minha árvore genealógica.Falei das chegadas recentes à família (duas gémeas minhas segundas sobrinhas) das partidas: do meu pai no caso concreto. Foi um momento um pouco dramático e sentido em que eu li um texto que lhe dediquei.Houve lágrimas escondidas nos meus olhos e presentes em alguns dos assistentes. Foi uma homenagem que achei devida.
Seguidamente abordei as diferentes áreas trabalhadas. Referi as dificuldades sentidas em cada uma delas, as que gostei mais de trabalhar, os domínios trabalhados em cada núcleo. No meu caso foram quase todos pois fiquei em cima dos 80 créditos, tendo prescindindo de em STC trabalhar um pouco mais. Se o tivesse feito teria com mais um pequeno golpe de asa atingido mais alguns ou a totalidade até.
Seguiram-se os agradecimentos, ao centro, à equipa, não deixando porém de deixar alguns recados referentes ao que me sucedeu durante o processo. Seguiram-se alguns slides com algumas considerações, li mais um texto que escrevi propositadamente para este processo e despedi-me aludindo a que neste momento já plantei árvores, já fiz um filho e já escrevi um livro, (www.imagenscompalavras.blogspot.com) e que até já escrevi o texto final. Li-o em voz alta e bom som e digo-vos somente o título: EPITÁFIO. Tudo isto acompanhado com música ambiente adequada. Foram momentos muito emotivos e que me vão marcar para sempre.
Quero também aqui, deixar expresso o meu agradecimento ao Dr. João Lima com quem tive o prazer de trocar imensos mail durante o meu processo, tendo tido da sua parte sempre uma resposta amável, atenciosa e interessada. Também a outras pessoas comentadoras habituais deste fórum e que sempre me apoiaram: a Dr.ª. Filomena Sousa, Dr.ª Mafalda Branco, a Dr.ª Leonor Alves, a simpática Gi e perdoem se esqueço alguém.
Neste momento sinto-me em paz…Estou em paz!
Ofereço-vos o texto que li dedicado ao meu pai:
PAI: ESTAMOS LOUCOS
Sabe meu pai, hoje é um dia diferente. Diferente de todos.
É o primeiro dia do pai em que não está onde eu o possa ver.
Mas eu vou vê-lo pai!
Onde lhe possa levar um beijo, um chocolate, uma flor, um abraço.
Mas eu vou levar-lho pai!
Sabe pai, hoje não o vou ouvir:
Mas estou ouvindo:
-Parabéns já és pai…. E eu breve pai, sentindo o orgulhoso peso da palavra, o render da guarda, o sabor do sofá. Breve, cantando e chorando por dentro, olhando para o fundo da alma, guardando a chave!
Não, não o vou ouvir. Não vai estar lá no sofá, o sofá vai estar enorme, calado mudo, triste e quedo. O relógio grande na parede, não estará nem adiantado nem atrasado. E aquela enorme chave negra a rodar na alma parada do relógio.
E nós à procura da chave, para dar-lhe corda, tentando mover o mundo dentro do relógio tentando levar a alma do sofá.
E nós dois suando de roda dos ponteiros, enormes tamanho do mundo...sem sofá dentro.
A chave colada na chave da mão sem girar, muda e queda, suando-nos a mão, derretendo as horas. E o pai de roda do relógio tentando acertá-lo e eu no sofá com a chave da mão suada, derretendo os dias, os minutos (as horas não!) e no canto dos olhos as lágrimas cristalizadas a perguntarem-lhe as horas e a chave da mão a suar sem saber as horas.
E num cantinho dos seus ponteiros, os seus olhos pai, com uns fiozinhos brancos nos cantos (lágrimas solidificadas talvez), olhando sem chave. Sem corda.
E eu no sofá, esperando um beijo, um chocolate, ouvindo ainda o relógio:
-Esse relógio está adiantado ou: esse relógio está atrasado…!
A chave perdida a corda gasta. E num canto dos meus olhos uma lágrima solidificada e tu a ouvires:
-Parabéns já és mãe… (e tu cantando, com os olhos dentro da alma, orgulhosa da palavra)
E eu missão cumprida, sentindo o render da guarda, junto a ti no relógio à procura da chave, sem corda, vendo o sofá vazio, enorme, sem mundo dentro. E os meus olhos e os seus olhos pai, nos ponteiros parados fazendo força:
-Parabéns já és pai…
-Parabéns já és mãe …
E o mundo parado lá fora, sem chave, sem ponteiros, sem relógio. Com flores, chocolates abraços….
E nós juntos… e nós juntos rezando.
Ao longo da apresentação dos slides, sempre que o meu nome surgia, ou a referência à minha pessoa era visível, estava sempre em letra muito, muito, pequenina. De maneira que o final foi assim. Lá e aqui também:
“Não sei se repararam, mas sempre que o meu nome surge, está em letra o mais pequenino possível. Tem uma razão de ser: eu sou a pessoa menos importante na minha vida…
vocês todos é que são a razão da minha existência!”
Um grande cumprimento a todos
Vitor Barros
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Curioso..Reparo agora na banda lateral em alguns livros citados. Coincidência..Na minha aprsentação falei na maior parte deles e a pergunta final da avaliadora externa incidiu sobre o Amor nos Tempos de Cólera...
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